quarta-feira, 27 de junho de 2012

espaço consagrado / memória indecifrável do tempo

coroando os megálitos, do lado exterior - o Sol; do lado de dentro - a Lua





As coisas de pedra antiga são enormes, por dentro e por fora. Antiga é toda a pedra, claro, mas eu quero dizer com isto o sentimento, a força interior que as anima e que sugerem. Os litorais, a todo o seu comprimento, foram passeados durante milhares e milhares de anos por multidão de seres que deixaram marcas que teria interesse conhecer e estimar. Pelo que foram e pelo que poderiam continuar a ser, doutro modo. Esses litorais têm sido, nos últimos séculos, e sobretudo no mais recente, literalmente arrasados pela “civilização”, pelo “progresso”, pela explosão da “riqueza” (explosão é neste caso uma palavra terrível, temos que convir).

O conjunto escultórico megalítico de Armando Martinez, dá-nos a oportunidade de evocar coisas que nunca soubemos, mas que estão profundamente impressas lá muito atrás, na nossa indestrutível reserva de humanidades. 

o escultor Armando Martinez, no centro do espaço consagrado pela memória do ancestral

Um artista com a estatura de um adolescente magrito, mas de braços vigorosos, que se barbeia apenas uma vez por semana, tem ganas para se medir com pedras de não sei quantas toneladas, de não sei quantos metros de comprimento e com não sei quanto de espessura pesada como pedra, só pedra.
O parque da Mealhada tem grupos de meninos que por ali passeiam, acompanhados de professoras cuidadosas, que olham para aqui e para ali, que se sentam ou passeiam ou brincam simplesmente como devem sentar-se, brincar e passear quaisquer meninos.
Agora era preciso contar a todas as pessoas da Mealhada como foram trazidas para aqui e que histórias contam pedras tão altas e solenes, e de que homens e de que épocas falam.

Ali ao fundo, por detrás do escultor, um alinhamento de menhires, rasto de estrelas que se destaca da constelação principal de forças maiores - megalíticas - e que está ao centro do espaço já consagrado pela imaginação, Estrela Polar do sentimento

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